Portugal 2.010 – ODISSEIA NO ESPAÇO

20 01 2010

Rita Antonieta Neves

O trabalho de estratégia, planeamento e estruturação que o Turismo de Portugal tem vindo a desenvolver, nomeadamente com a criação de instrumentos de trabalho como o PENT ou o “business plan” dos 10 produtos estratégicos, foi crucial na afirmação do Turismo enquanto uma das mais importantes actividades económicas nacionais.
Infelizmente todos temos consciência que se trata de um sector de actividade muito transversal, logo com variáveis em termos de estruturação do produto e optimização da oferta que não são facilmente controláveis. E a tão afamada, desejada e necessária cooperação ao fortalecimento de Portugal enquanto destino turístico no panorama global tem sido uma missão que depreendemos ser difícil de alcançar pois também nós constatamos que a oferta no destino Nacional continua muito centrada em sim mesma, nos seus objectivos individuais e altamente dependente de uma operação turística baseada num modelo de massas, e que insiste em continuar a ignorar as tendências globais em termos da organização da oferta em função dos perfis individuais da procura na busca por experiências únicas, autênticas e memoráveis.
A crise, as preocupações ambientais, a segurança, a democratização da informação, das novas tecnologias e dos transportes aéreos, a escassez de tempo e as novas formas de socializar e comunicar são alguns dos factores que tem vindo a romper com o status quo instalado da operação turística, provocando grandes alterações ao nível da gestão dos destinos e de cada recurso turístico, seja este um hotel, resort, operador turístico, museu, monumento nacional, meio de transporte ou sistema de informação, impondo a necessidade de re´pensar estratégias, modelos de desenvolvimento, gestão, marketing e vendas.

Da entidade máxima responsável pelo desenvolvimento do destino, sub-destinos e produtos e sub-produtos, espera-se uma estrutura cada vez mais clara, aberta e de fácil acesso. Reforçando, por um lado, o seu papel de parceiro que deverá disponibilizar e partilhar informação actualizada sobre as alterações e tendências do mercado e os objectivos traçados por destino e produto. E por outro, o papel de líder responsável por colocar Portugal no “top of the mind” dos turistas nacionais, espanhóis e de todo o mundo, independentemente da sua motivação, promovendo Portugal não apenas como um espaço geográfico mas acima de tudo como um palco de experiências únicas e memoráveis. O líder que deverá ter a capacidade de envolver a comunidade na definição da mensagem que melhor descreve o destino e na partilha de histórias, imagens e das experiências turísticas que a “primeira aldeia global” tem para oferecer, tirando partido do capital humano hospitaleiro que nos caracteriza.

A procura por autenticidade e “edutainment” já há muito que deixou de ser uma tendência. O turista é cada vez mais independente. Não tem tempo para planear, é um cidadão do mundo e tem consciência do quanto a vida é efémera. Vive intensamente, partilha experiências e pertence a grupos de interesse. E Portugal para o conquistar vai ter obrigatoriamente de se adaptar às suas necessidades.

A oferta indiferenciada deixou de fazer sentido e hoje a compra de uma viagem turística não se resume à escolha de um destino, um voo, e um hotel. A viagem começa online, é influenciada por opiniões, fotografias, vídeos, etc e é ditada por uma motivação, sendo que a força do destino e da experiência turística que este proporciona será tão forte quanto a capacidade que este tem em: 1) Captar a atenção do turista, 2) Articular a oferta global em função das necessidades e motivações individuais de cada turista. Seja esta oferta composta por mega resorts, hóteis 5 estrelas ou alojamento local, empresas de animação ou de gestão de património, experiências ou de contadores de histórias, tour operadores, aviação, DMC´s, rent-a-car ou rent-a-burro. 3) Garantir a qualidade da experiência no local, 4) Capacidade de reter este novo “amigo”, manter a relação que iniciou com esta viagem mesmo após o seu regresso e a capacidade de o envolver ao ponto de garantir a partilha da experiência que este teve no destino. Em termos de produto ajustado, o sucesso passará por organizar toda oferta e garantir que quer o turista directamente quer um agente de viagem têm acesso a uma ferramenta que espelha de forma virtual a riqueza e malha consolidada da oferta que cá existe e lhes permite construir de uma forma prática, objectiva e completa uma experiência turística única e ajustada às suas necessidades. Uma ferramenta que agregue toda a oferta e que a disponibiliza de forma prática, fácil, memorável, individual e de fácil acesso, a todos os potenciais turistas para Portugal, agregando recursos e distribuindo-os de forma composta em função da experiência que cada turista deseja viver, no tempo que tem disponível e em função do orçamento que deseja gastar.

A não aplicação das novas técnicas IT na composição deste produto, na comunicação, marketing e vendas é hoje um entrave à afirmação e performance de qualquer destino turístico. O marketing como o conhecemos está gradualmente a ser substituído por um novo marketing que utiliza ferramentas inovadoras que entre outras incluem CRM, geo-marketing, marketing viral, buzz marketing e comunicação 2.0, e-marketing, e-commerce, mobile marketing etc. e o mix destas novas ferramentas, maioritariamente low cost de efeito rápido tende a ter um peso cada vez maior na persecução dos objectivos nacionais.


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