O mês de Janeiro, como é sabido, não é um mês de grande actividade económica turística a nível nacional quando comparado o seu resultado com os alcançados ao longo da época alta. Porém, o mês de Janeiro do corrente ano ficou marcado por uma performance turística ainda mais reduzida do que o habitual, tendo apresentado sinais de retracção nos distintos indicadores analisados pela ILM Advisory.
AEROPORTOS
Ao nível da entrada de passageiros via aérea assistiu-se a uma quebra de 3% nos cinco principais aeroportos nacionais – Porto, Lisboa, Faro, Funchal e Ponta Delgada – o que se traduziu em menos 53.352 passageiros em território nacional. De todos os aeroportos analisados, o de Faro, foi aquele que registou a maior quebra (13.637), sendo que deste total de passageiros 3.500 eram oriundos do Reino Unido. Esta diminuição acentuada de turistas oriundos deste país é justificada em parte pela actual crise económica e a consequente desvalorização da Libra Esterlina face ao Euro, o que leva a que os britânicos optem por destinos turísticos onde o seu poder de compra é mais elevado.
CRUZEIROS
A informação relativa ao número total de navios de cruzeiros que chegam aos distintos portos nacionais representa igualmente uma importante fonte de conhecimento sobre o número total de turistas entrados em território nacional. Dos três portos analisados – Lisboa, Funchal e Portimão – constatamos que o Porto de Lisboa recebeu 4 navios, um a menos do que no período homólogo em observação, o do Funchal manteve os seus 23 navios no mês de Janeiro e que o Porto de Portimão não recebeu nenhum paquete no mês em análise em ambos os anos.
Assim, a nível global e comparativamente com o mês de Janeiro de 2008, assistiu-se a um aumento de 3.733 passageiros. Importa porém mencionar que a grande maioria destes turistas se encontraram somente em trânsito no território nacional, não gerando desta forma receitas tão elevadas como aqueles que embarcam e desembarcam nos portos nacionais. A elevada afluência ao porto do Funchal, comparativamente com os restantes portos, é justificada pelo facto desta ilha albergar um dos maiores fogos de artifício na passagem de ano atraindo por isso um elevado número de turistas e cruzeiros até este destino no início do mês de Janeiro.
HOTELARIA
Tal como referido previamente, apesar do mês de Janeiro não ser considerado um mês forte para a hotelaria nacional, este foi ainda um mês mais fraco do que é habitual tendo-se assistido a quebras na ocupação/quarto de 18.1% na região de Lisboa, segundo dados da Associação de Turismo de Lisboa (ATL), e de 8% na região do Algarve, conforme informação disponibilizada pela Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). As mesmas instituições mencionaram ainda que em termos absolutos a região de Lisboa alcançou uma taxa de ocupação de 38.35%, enquanto que a do Algarve obteve somente uma taxa igual a 28.8%, tendo sido nos estabelecimentos de categoria superior que se registaram as maiores quebras nesta rubrica. Assim, na região de Lisboa, foram os hotéis de 4 estrelas aqueles que registaram as melhores taxas de ocupação (41.74%), seguidos pelos de 3 estrelas (39.51%), enquanto que no Algarve foram estas últimas unidades de alojamento as que atingiram as maiores taxas de ocupação – 43.6%.
Situação que poderá traduzir o facto de cada vez mais o turista optar por unidades de alojamento com custos mais reduzidos.
Outra tendência iminente é o facto do turista, cada vez mais, optar por estadas mais curtas o que tem necessariamente repercussões ao nível das taxas de ocupação.
LAZER
Ao nível das actividades de lazer, onde se inclui o golfe e as visitas às distintas atracções turísticas nacionais, registaram-se igualmente quebras no comparativo do mês de Janeiro de 2009 face a 2008.
As reduções verificadas no golfe justificam-se pelo facto desta ser uma actividade dispendiosa. Na Região de Lisboa foram jogadas menos 5.5 voltas/dia, tendo sido os não sócios aqueles que mais contribuíram para esta quebra.
Actualmente encontram-se igualmente a surgir novos destinos de golfe que apresentam preços mais acessíveis e condições similares aos campos nacionais, os quais acabam por competir com Portugal e atrair um maior número de jogadores, como é o caso da Turquia e de Marrocos.
No que diz respeito aos museus e palácios a cargo do Instituto dos Museus e da Conservação assistiu-se a uma redução significativa no número de entradas registadas quer nos museus, quer nos palácios. A quebra registada ao nível dos museus foi porém menos expressiva com menos 15% de entradas, totalizando-se 57.924 entradas.
De todos os museus, o Museu Nacional dos Coches foi o mais visitado com 8.163 entradas. Por outro lado, ao nível dos palácios verificou-se uma redução de 44% no número de entradas passando-se de 71.799 visitantes em Janeiro de 2008 para 39.650 no período h0mólogo de 2009. O palácio mais visitado no primeiro mês do ano corrente foi o Palácio Nacional de Sintra, o qual registou 12.241 entradas, seguido de perto pelo Palácio Nacional de Mafra com 11.955 entradas.
Os dados anteriormente expostos permitem-nos assim concluir que o sector turístico nacional, no mês de Janeiro de 2009, sofreu com os efeitos da instabilidade económica sentida a nível global, a qual têm produzido repercussões negativas no sector em análise a nível mundial. Denota-se porém que, apesar do período em causa, os turistas mantêm a sua vontade de viajar visto só se ter verificado uma quebra de 3% nos cinco principais aeroportos nacionais analisados, mas que no entanto estes optam por viajar em companhias de voo low cost as quais aumentaram a sua representatividade a nível nacional. Os turistas começam igualmente a preferir unidades de alojamento com custos mais reduzidos de maneira a poderem continuar a viajar, optando também por efectuar estadas de menor duração, de maneira a reduzirem os seus custos de deslocação. Por fim, a redução do tempo disponível dos turistas nos seus locais de destino, produz também efeitos negativos ao nível do tempo que os mesmos dispõem para visitar as atracções turísticas locais e realizarem actividades de lazer regionais, o que explica, em parte, as quebras registadas nestas instituições no mês de Janeiro de 2009.
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